quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A deriva na Florencio de Abreu

Folha de São Paulo, 14 de dezembro de 2011.

"Para paulistano, cidade só piorou. (...) A acessibilidade das ruas para deficientes físicos tem a pior de todas as avaliações: 2,7."



Ontem caminhei pela Florencio de Abreu. Estava procurando uma fita luminosa, mas acabei me perdendo por lá e passei algumas horinhas a deriva.


Rua Florencio de Abreu
Edificio Banespa, sob outro ponto de vista.
Rua Florencio de Abreu


Rua Florencio de Abreu.


Rua Florencio de Abreu
Rua Florencio de Abreu, a cores.

Rua Florencio de Abreu, em números e letras.

Rua Boa Vista.

Os gêmeos pequenos

"Os gêmeos" grande. E colorido.
Os gêmeos de fundo...


E, olhando pra baixo...


Olhando ainda pra baixo...

Quando estava caminhando pela rua Santa Efigênia, numa certa altura andar pela calçada me deixou incomodada. Então, entre os carros, caminhões, carroças, entregadores e motos, lá fui eu, uma pedestre sem calçada.
Estava tudo certo, até eu me deparar com a cena abaixo.


Obviamente um cadeirante não consegue passar naquela calçada cheia de buracos, com uma largura que passam apenas 2 pessoas por vez. E olha que tem muuuuuito mais que duas pessoas por vez ali...


Atravessando a rua Rio Branco, segurei seu filho, de 3 anos, que tentava mudar de lado, para ultrapassar um outro pedestre.


Alertei o menino quanto ao perigo, o pai sorriu e disse: "não se preocupa, ele já está acostumado".
E mais uma vez, ouvi a palavra mágica: "ACOSTUMADO."
Acho que é uma palavra que me incomoda.
Nao dá pra gente se acostumar com o trânsito. 
Não dá pra gente se acostumar com desigualdade social. 
Não dá pra gente se acostumar com a falta de calçadas.


É véspera de Natal. Por dia, ali devem circular milhares de pessoas. Como assim, essas pessoas estão lá consumindo, passeando, ou apenas se locomovendo e não tem direito a uma simples CALÇADA?


Como um ser humano, já desprovido de algum tipo de mobilidade não consegue ter o direito de se locomover? Correndo risco de ser atropelado e simplesmente estar ACOSTUMADO com isso?


"As calçadas estão todas esburacadas. Fazer o que, ne?", ele sorriu de novo.
Fui cúmplice. "Eu sei, também não consigo andar ali". 


E continuei ali, atrás deles, quieta, pensando nessa questão.



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