segunda-feira, 16 de abril de 2012

W x C em São Paulo - capítulo 1

Aventura parte 1: Rodoviária do Tietê.


A aventura começou logo na rodoviária, quando a zozó aqui achou que eles chegassem as 19:30 de quinta, e ficou lá esperando até as 22:30, porque supostamente tinha chovido, e supostamente o ônibus teria atrasado e supostamente a cidade estaria alagada... aquelas coisas que nós, cidadãos paulistanos já nos acostumamos.







Imaginanei o casal chegando em plena rodoviária do Tietê, depois da chuva, caos em São Paulo, sem falar nada de português, com duas bikes gigantes e a kristina pensando: "quem é essa Rachel? Onde está essa tal de São Paulo que ela me mostrou nas fotos?" Se fosse eu, já ia achar que tinha caído num desses golpes pela internet e já pegaria o próximo ônibus direto pra qualquer lugar longe daqui. 


A idéia era que eles chegassem as 19:30 pra gente poder colocar as bikes no metrô e vir da estação Vila Madalena pedalando até a minha casa, mas quando vi que eles não chegariam a tempo, escrevi um bilhete, que na verdade estava muito mais para uma carta, que dizia, entre outras coisas:


"CUIDADO! (acho que era exatamente assim, em letras garrafais). Não saiam da rodoviária. Peguem o taxi comum, esse que fica aí dentro mesmo. Vocês podem pagar no cartão de crédito adiantado, vai ser mais seguro. Talvez vcs tenham que pegar dois táxis, dependendo do tamanho de vocês. Fiquem sempre de olho nas bagagens. Etc. Etc. Etc." E todas aquelas recomendações que qualquer paulistano faria a qualquer estrangeiro. Entreguei a carta para a mulher do desembarque, explicando que chegaria um casal numa bicicleta sem falar português. "Numa bicicleta?"- ela perguntou, com os olhos arregalados. E eu: "Na verdade em duas".


E de repente, lá pelas 9 da manhã de sexta-feira, aparecem os dois malucos na minha rua... pedalando... ( sim, o ônibus deles chegaria as 7:30 da manhã, essa foi a confusão).


O melhor de tudo é que eles receberam o bilhete/carta/pergaminho, mas mesmo assim, vieram pedalando, "explorando" São Paulo.


Meu filho, que ouvia falar sobre uns tais australianos que viajavam pelo mundo de bicicleta tinha acordado as 6 da manhã de tanta ansiedade.
Gabriel, acordado desde as 6hs: "e ai, mãe, eles já chegaram?"
Quando ele viu as bicicletas com placa de energia solar, mil ferramentas, computador de bordo, e todo o resto da casa no bagageiro, enlouqueceu de vez. 


Sala de casa: estacionamento de bikes!
Aventura parte 2: Jacqui!






A Jacqui, uma outra australiana envolvida no projeto, chegou um pouco mais tarde. Descobri que ela estava no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, num barco que veio da África do Sul pra cá com uma família, tipo a família Schurmann: um casal e QUATRO filhos pequenos. Sim, idades: 6,5,4 e 10 meses. 


http://vimeo.com/39946099
Detalhe: Até a metade do almoço eu tinha entendido que a Jacqui era a mãe das crianças AND documentarista AND viajando num barco. E eu olhava e pensava: "Uau! quero ser ESSA mulher! Tão nova (já não daria, ela tem 22), já com 4 filhos, trabalhando, e deixando os quatro com o marido num barco pra ir trabalhar em outra cidade? Que mulher independente e bem resolvida! 


Na segunda metade eu descobri que ela só estava no barco a trabalho. Ufa... E saiu de um barco com 4 crianças, pra desembarcar em São Paulo, e pedalar mais de 100 km pra Santos sem ter pedalado 10 km na vida toda! 


E depois ainda descobri que o avião dela, tipo pinga pinga, saía de SP 1:30 da manhã, e ela voaria mais de 40 horas... 


Como diz sua tatuagem: "Sempre possibilidade".


Aventura parte 3 - As águas de abril.


Não era em março que chovia? Não tem aquela música famosa que fala sobre as águas de março fechando o verão?
No caso este ano, não seriam as águas de abril?
Depois do almoço, lá pelas 17 hs, saí com eles pra dar uma volta. Ia pro centro, mas quando vi a hora, decidi parar na Avenida Paulista. Santa decisão.
Quando entramos no metrô o céu estava azul! Até tinha cogitado fazer um pedal com eles no minhocão a noite, etc. 




Descemos na Estação Brigadeiro pra caminharmos até a Praça do Ciclista, passando pelo MASP, Conjunto Nacional, etc. Todos os planos literalmente por água abaixo. Sabe quando vc passa semanas planejando algo e acaba parando num boteco que você nunca tinha entrado na vida? Passamos algumas horas lá nos abrigando dAquela chuva que caiu em São Paulo...
Onde foi parar meu foco???
Então... Mas quem está na chuva é pra se molhar, não é mesmo?




Bora passear então!





segunda-feira, 9 de abril de 2012

A magrinha e a magrela





Essa é a Micheline. Ela é a primeira mulher que trabalha de refrigeirista para a Porto Seguro. De bike.


Sabe aquele técnico que a gente tem direito a chamar quando fazemos o seguro do carro e quebra o microondas, a geladeira, ou dá algum problema no encanamento? 


Então, quando a gente aciona o técnico, pode ser que venha a técnica: Micheline.


Ah! digo "a gente", mas é modo de dizer. 


Eu não tenho mais seguro. Nem pago mais IPVA. Nem gasto com gasolina nem troco o óleo. Nem me preocupo onde vou estacionar, nem quanto vai custar.


( material filmado em alta resolução)


Não sou mais prisioneira do trânsito da minha cidade.


Sou como a Micheline: gosto mais do caminho que faço do que do lugar que chego.