quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sobre o questionamento das ciclovias e o transporte público em São Paulo...

Na discussão do facebook sobre a implantação da ciclofaixa em Moema, acabei achando alguns links interessantes. Na página da Renata Falzoni, tinha esse aqui. Vale a pena ler.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/11/09/bicicletas-intolerancia-no-brasil-claro-415617.asp


Realmente São Paulo não tem a topografia ideal para as bikes, mas a iniciativa de implantar algumas ciclofaixas em bairros como Moema ou Brooklin ( que tem terrenos planos) é um grande avanço para uma das soluções para o trânsito de São Paulo.
Obviamente nossa cidade não é exemplar, portanto os míseros 6 quarteirões que foram feitos, foram mal feitos, o que deixa os que são a favor quase sem argumentação para os outros que fazem parte do grupo "contra".
Mas mesmo com as imperfeições da execução sinceramente não entendo como haja tanta resistência.
O carro, do jeito que é utilizado, já provou que não funciona. Dar outras opções de transporte para as pessoas alivia até o lado de quem não troca o "conforto"do automóvel.
Reportagem feita pela Renata Falzoni bem interessante sobre o que foi feito em Bogotá.

A av. Paulista, por exemplo, pára a partir das 18:30. Já passei lá muitas vezes e sempre fotografo.

Foto tirada no dia 14/04/2011 as 18:30
Foto tirada as 18:57 no dia 22/09 ( dia mundial sem carro)
E a diferença do ponto de vista pra quem está fora do carro.


Como imagino a Av. Paulista?

Com corredores de ônibus no meio dela, e na faixa dos ônibus, ciclovia!  Depois que a pessoa perceber que atravessa a Av. Paulista em 10 minutos no máximo, sem precisar ser um grande atleta, vai notar a grande parcela de tempo que perdia dentro do "conforto"do seu carro.
Eu sempre coloco "conforto"entre aspas, porque acho questionável esse tipo de conforto. Estive muito tempo com essa falsa sensação de "conf..." que o carro proporciona e só depois de trocá-lo pela bicicleta descobri o que é a liberdade. E se o Silvio Santos me perguntasse na cabine com o fone de ouvido se eu trocaria o conforto pela liberdade eu diria : siiiiiiimmmm!!!! 

Mas isso é uma opinião pessoal. Sou a favor da liberdade de escolha.
Por isso a favor das ciclovias + transporte público de qualidade. Quem, ainda assim optar pelo carro, aí sim será uma escolha e não uma falta de opção.

Sim, eu fazia parte da parte da população que reclamava do trânsito e culpava os governantes. E fazia aquele discurso: "Impossível usar transporte público em Sao Paulo". "Impossível andar de bicicleta em São Paulo". E também fechava o vidro do carro, ligava o ar condicionado, colocava meu som predileto e passava horas ali... A única troca que eu fazia era das marchas... de primeira pra segunda, de segunda pra primeira, de primeira pra segunda, de segunda pro ponto morto... realmente eu precisava reclamar mesmo... E reclamava, e no dia seguinte repetia a mesma ação. Não digo que é uma troca fácil. No meu caso foi preciso ficar sem carro para experimentar. Hoje em dia, virou minha opção de vida. Não tenho carro. E desde que fiz essa opção, a cidade só tem me retribuído.

Continuo achando perigoso andar de bicicleta em São Paulo, principalmente por causa da imprudência e intolerância de alguns motoristas, que não respeitam a distância de 1,5 m dos ciclistas. Claro, tambem não posso deixar de mencionar a falta de um espaço especifico para garantir a segurança dos ciclistas. A qualidade do asfalto, imperceptível para os carros, também é outro motivo de preocupação para as bikes.



Fiz um video da minha buzininha de sorveteiro que vai tocando da minha casa até a próxima avenida. Detalhe: ela só toca quando chacoalha. Ou seja, vou chacoalhando uns 10 minutos pelo menos uma vez por dia. Preciso editar pra postar. Prometo fazer logo.

Também questiono a qualidade do transporte público da nossa cidade, embora não ande muito de ônibus.  Minha opção, na maioria das vezes é bicicleta + metrô, ou, dependendo da distância, só bicicleta. A linha amarela carrega milhares de usuários por dia. Quando preciso usar, me sinto como gado sem opção de ir para os lados, mas toda vez que uso me pergunto:  como vivíamos sem ela até hoje?  

Sinceramente, ciclofaixas como as de Moema já deveriam existir há muito tempo, inclusive não sei porque tanta mídia e tanta discussão sobre isso, isso nem deveria ser uma preocupação pública. Como disse Peñalosa: "Onde os carros vão estacionar? Isso não é um problema público." 

Passei um final de tarde fotografando o Largo da Batata para meu projeto "Breve Lançamento", sobre a tranformação da cidade. E não pude deixar de reparar na quantidade de pessoas para cada ônibus que parava. Todos iam para o Campo Limpo. Essas pessoas sim tem o direito de reclamar. Isso sim é um problema público.



Fotos tiradas no dia 09/09/2011 entre 18:30 e 19:00.

E na chuva...

Foto tirada no dia 22/01/2011 as 16:47
Foto tirada no dia 18/02/2011 as 19:09. Av. Faria Lima. O sinal está verde, mesmo assim, o trânsito não anda.

Pra circular no centro expandido, já foi provado que de bicicleta chega-se mais rápido.
Os que não quiserem se aventurar, há outras opções.
Dentro dos carros, vale a pena citar um link.


Comecei a usar a cidade a meu favor, como os situacionistas!  Desde que comecei a parar de reclamar e usar minha profissão a serviço da cidade, sinto uma responsabilidade enorme em cobrar isso dos governantes pra pelo menos, poder reclamar com propriedade!

Quanto a ciclovia da Av. Faria Lima, queria até saber mais sobre a previsão de execução.
Confesso que não tenho usado muito a Faria Lima depois que descobri os caminhos invisíveis da bicicleta. Aqueles com ruas arborizadas e passarinhos pelo caminho, que a gente diz "Olá passarinhos! Olá Wilber!"  Mas acho importantíssimo haver uma ciclovia no meio dela. Principalmente por que já existe uma intenção. Pelo que eu li neste link, o projeto existe desde 1995. 
Hello!!!! Em 15 anos Copenhague despoluiu seu rio e revitalizou todo seu entorno, como esse vídeo, do "Cidades para Pessoas".

A "intenção ciclovia Faria Lima" tem muitas pedras no caminho, como diria Carlos Drummond de Andrade...

Tinha uma obra no meio do caminho tinha uma obra. ( foto tirada no dia 24/08/2011)


Tinha um poste no meio do caminho tinha um poste...(foto tirada no dia 24/08/2011)


Tinha um degrau no meio do caminho tinha um degrau... ( foto tirada no dia 24/08/2011)

Tinha um buraco no meio do caminho tinha um buraco...

No meio do caminho tinha um ponto de ônibus...(foto tirada em 30/09/2011 as 17:00)

E uma pessoa esperando o ônibus...( foto tirada em 30/09/2011 as 16:54)


E outras pessoas pegando o ônibus.. ( foto tirada em 30/09/2011 as 16:56)

Tinha uma ciclovia no meio do caminho, TINHA mas acabou... ( foto tirada no dia 24/08/2011)


Começo da ciclovia na Faria Lima, ah se ela fosse inteira assim...

O que importa é nós fazermos nossa parte enquanto cidadãos. E percebi que o ser humano só se transforma em cidadão depois que ele sai do seu carro e estabelece uma relação de troca com a cidade. Posso garantir: ainda está longe de ser a cidade ideal para se viver, mas São Paulo é muito menos hostil do que parece. Basta sair do carro.

Pra terminar, a marginal pra quem anda de carro...


e a marginal pra quem anda fora dele...


 É o que eu digo: tudo depende do ponto de vista...




2 comentários:

  1. Concordo c td q vc disse principalmente "o ser humano só se transforma em cidadão depois que ele sai do seu carro e estabelece uma relação de troca com a cidade", mto bem colocado

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  2. é exatamente como me senti depois que fiz a troca!

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